Tenho percebido algumas coisas com a terapia, e uma delas é que gostaria que as pessoas me vissem como eu sou (ah a utopia rs). Mas pensando sobre, percebi: como fazer (ou tentar) isso se estou a maior parte do tempo me escondendo.
Então resolvi partilhar coisas que são muito particulares, mas que talvez possam fazer um pouco de sentido. E isso não só por mim, mas quantas pessoas nós não estamos vendo... por quantas pessoas construímos uma visão sem se dar conta de sua história...
A primeira que quero compartilhar acho que é pra mim uma das mais difíceis e delicadas, que hoje já consigo falar com algumas pessoas: maternidade.
Existe desde sempre em nossa sociedade uma cobrança para que mulheres se tornem mães. Muitas não querem e seguem a vida. Por tempos adotei esse discurso. E com ele havia motivos. Aos 10 anos descobriram que eu tinha problemas de coagulação (longa história) e fui orientada por todos os hematologistas que passei depois dos 21 anos que existia duas formas de eu colocar minha vida em risco: uma cirurgia de grande porte e gravidez, sendo que essa colocaria não só a minha como a da criança, além de não saberem se ela nasceria saudável.
Recebam essa notícia num consultório sozinhos e longe da sua casa...
O outro motivo é que tenho displasia de quadril (assunto pra outro post?) e não é ideal que eu aumente de peso, mas nessa altura do campeonato, o motivo anterior já tinha me feito repetir frequentemente, como um mantra: não vou ter filhos, não vou ter filhos...
Toda vez que há qualquer tipo de comentário sobre eu e a maternidade me gera um encomodo. Ninguém pergunta o que te levou a essa decisão e nem sempreu quero ter que explicar todo esse role. Tenho pavor das possíveis reações de "coitada", porque não é isso que quero.
Ah! eu sei posso adotar... e sim já pensei sobre isso. Só que eu hoje tenho boa parte do meu tempo reservada a cuidar da minha saúde o que não comporta cuidar de outro ser humano agora.
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